sábado, 7 de maio de 2016

favas
























Vou agora aqui de falar nisto sem cuidar de saber o que o nosso querido presidente disse acerca do assunto. Não porque o nosso querido presidente Marcelo de Sousa não haja dito alguma coisa em muito consenso sobre as favas. Mas porque na minha pressa de dizer da felicidade em que me acho, vi-me na preguiça do cuidado de ir ver [Marcelo, isto não é desamor, fofinho!].

Este ano não as semeei, mas houve amigo que cuidou de mas dar. A fava é uma dessas coisas assim; boa, boa, é a que não compramos. São as que semeamos a um cantinho da horta, da variedade que só nós temos e discutimos vantagens em taberna – nã, nã nã, não te adianta nada adiantares-te em plantio porque elas só dão coisa em maio, barriga cheia de chuva fresca e assim.

E eu fiz assim com as que agora me deram:

Refogado ligeiro em azeite, laminas de toucinho (ou banha), cebola doce, louro, chouriço alentejano de porco preto, chouriço mouro, barriga de porco fumada e alho.

Com tudo devidamente alourado, refresco em abundância de Antão Vaz, não dá para sermos avaros nesta coisa dos batismos se queremos chegar ao paraíso…

Junto depois as ditas que baldeio em afagos de colher de pau.

Fervo água que as cubra e regoa-as já em quente. Fogo em marcha lenta como em quase tudo o que se quer bem.

Entretendo, em outro tacho vou cozendo morcelas e farinheiras (que não pico; vou espreitando para não rebentarem). Também aqui não se pode ser sovina; fatiei e provei cada um dos enchidos antes de os juntar às rainhas; a morcela foi para o lixo porque não estava à altura delas. Já a farinheira da beira alta (a mais alaranjada e suspeita…) deu-lhes o trono em que as comi.

Para a cozedura não dou tempos. Nunca dou tempos. Como é o fogão, o tacho, as favas? -Grandes pantagruéis me saíram esses artistas que os dão… O tempo é-me dado pelos olhos; o caldo deve ficar ligeiramente aleitado. Aí fincado, dou uma ao dente a trincar. Se no ponto, junto coentros e salsa. Tudo finamente picado e em fartura com novos volteios de colher-de-pau.

Junta-se a odisseia de acompanhar com pão decente para beber molho e um tinto que deve andar com alguns taninos.

E é assim por alturas de maios.



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