domingo, 21 de agosto de 2016

mais trapalhadas da quinta coluna































Na  rtp, esta semana vi um “documentário” que, a pretexto da guerra em Aleppo, em rigor consistia num laudo santificador dos terroristas da al-Nusra ( o braço sírio da al-Qaeda) e a diabolização de Bashar al-Assad. Tecnicamente irrepreensível sob todos os pontos de vista - ao nível de uma produção de uma grande agência noticiosa - o panfleto não era mais do que uma glorificação “humanizante” da “oposição síria” na figura de cavalheiros que o estado norte-americano dá oficialmente como terroristas; não por acaso, a al-Nusra nunca é mencionada ao longo de todo o “documentário” mas é facilmente identificada através da sua bandeira que episodicamente podia ser vista.

A serem usados pelos “aliados” (E.U., R.U. e França, em particular), a esquecerem toda a história recente – ou a ela indiferentes – supõe-se que estejam convencidos que estes destroços psicóticos da al-Nusra possam ser facilmente descartáveis na altura certa. Ou seja, depois de derrubarem “o tirano” Bashar al-Assad da mesma maneira que derrubaram outros chefes de estado da região numa coisa que batizaram de “primavera árabe”.

Sem nenhuma pulsão para santificar Bashar al-Assad convirá, contudo, lembrar que a Síria era o único estado laico em toda a região, que defendia a liberdade religiosa, em que comunidades de várias confissões religiosas conviviam pacificamente, em que as mulheres não disputavam direitos porque os tinham iguais aos homens, e muitas outras coisas que dão que pensar quando se fala de um “diabólico tirano” na região.

Não conheço os desígnios que estarão por trás desta espantosa “primavera” - são muitas as teorias e também por causa dela já me enganei uma vez quando me deu para conjeturar o futuro dos preços do barril de crude…

Apenas sei que nos intervalos em que os "repórteres" saem à rua a interpelar os banhistas acerca da temperatura da água ou acerca do estado de alma das vítimas de incêndios, a “primavera” não arreda pé dos noticiários. Depois desta intoxicação panfletária perpetrada pela televisão publica - exibida sem escrúpulos, sem qualquer escrutínio e à revelia das regras mais elementares de uma informação séria (foi apenas mais um episódio da quinta coluna nesta “guerra santa” dos aliados) – aparecem-nos com a imagem “que se tornou viral” da criancinha de Aleppo.

Quanta ironia a boiar por aqui nestas falinhas mansas das imagens que se tornam “virais”...

Vai-se a ver e a fotografia – que não é mais do que um frame de um vídeo esfaqueado em montagem – é alegadamente da autoria de Mahmoud Raslan, descrito como um “repórter fotográfico da Al Jazeera Mubasher”. Vai-se a ver e ninguém conhece o senhor por lá. Vai-se a ver e aparece identificado nas fotografias que ilustram estas linhas. Vai-se a ver e o vídeo é “informação” do AMC (acrónimo para Aleppo Media Centre, que não é mais do que uma espécie de “ministério da informação” da al-Nusra, patrocinado, financiado e tecnicamente assistido pela CIA). Vai-se a ver e os “capacetes brancos” que “resgatam” o rapazinho dos escombros não são daqueles da ONU, politicamente neutros e internacionalmente mandatados. São militantes da al-Nusra e querem ser “prémio nobel da paz”.

Enfim, vai-se a ver e é mais uma enorme trapalhada da quinta coluna a querer intoxicar a opinião publica com aquilo que tudo indica ser não mais que uma encenação. E nada melhor para esta incomensurável pouca vergonha a comover as multidões que uma criancinha. Porque elas morrem e sofrem a sério. Algumas não em escombros, mas a serem degoladas.

São as minhas fontes mais sérias? Cruzem-nas e concluam por vós; alguma coisa mais parecida com a verdade desta extraordinária barbárie estará algures.

Voltaremos a precisar dela quando, com a poeira destes escombros outra vez a pairar em Nova York, Paris, Londres ou aqui, ouvirem os “jornaleiros” a querer saber se “há portugueses entre as vitimas”.

Porque quem semeia ódios colhe tempestades.


_______________

adenda















































Hoje, no noticiário da SIC, “descobriram” o cadáver do irmão do rapazinho resgatado. A notícia foi seguida ou antecedida por uma outra reportagem acerca de um homenzinho que engolia facas (48, salvo erro).

Não será muito difícil perceber que a “notícia” se refere a uma tragédia que não acontece apenas nos dias em que os Russos lançam bombas sobre Aleppo; na Síria, todos os dias morrem crianças em resultado direto da guerra civil.

E por aqui pela internet não é difícil de perceber que o vídeo e a fotografia do rapazinho da ambulância chic são produto de uma ação de propaganda de grupos terroristas. E a quantidade de páginas que denunciam o caso, com evidências documentais, é avassaladora.

Ora, o que fazem as agências de “noticias” quando se dão conta da hipótese de ter sido “mamadas” pela AP? Admitem a possibilidade, dão notícia de algum rumor? – Não, dão “notícia” de mais uma criança que morreu; desta vez é que é, morreu mesmo.

Um dia destes, quando descobrirem onde as pessoas realmente se informam, quando fizerem “mesas redondas” para debater a crise dos media “tradicionais”, podem começar pela ponderação de coisinhas destas.

Sem comentários:

Enviar um comentário